sábado, 1 de junho de 2013

Sementários: Antonio Bandeira


                                                    Tríptico com título desconhecido
                                                          [Antonio Bandeira]


1) [Sem título]: Quem são nuvens? Ou estariam brincando por condenados à poeira?

2)[uma passagem]: para a guerra, num olho de monstro, olhar à beira do movimento.

3) [La ville Lontaine]: Nasgos de cores quentes e riscos firmes num cubo de gelo. Que peso tem?

4) [Outonal]: Folhas amarelas conglomeradas [em] mel, salpicam-se [em] vermelhas, como que batidas em insumo. Afinal, onde se inscreve o branco?

5) [Cidade anoitecendo]: Esse capacete medieval tem um nome de que não sei, cujo caldo umedece e resseca, aquele de que só o rosto conhece.

6) [sem título] 1965: [fogos-tinta] decalcam azul, vermelho e o verde omisso. Ou para um sol seria redundante duas ascensões?

7) [cascata correndo]: montante da casca. ferida. horizonte. Sorriem a dois ou três, com o respaldo das nuvens que se despedem, feito icebergs.

8)  [Paysage]: do cume do avião, o mapa da lucidez. O restante das cores, viúvas, ao desespero.

9) [Tríptico sem título]: O testemunho florestal em três momentos circunscritos fora do tempo. O que a inicia não se sabe. Em que pedra se compõe, afinal, onde nem a emoção posso depôr?